ROMANOS
MONARQUIA
-Sec. IX a.C.- Cultura Lacial no Lácio, correspondente à primeira idade do ferro em Itália. Terá sido contemporânea da cultura de Villanova. Terá despertado com a chegada de tribos Latinas, faliscas e talvez até sabinas à região, acordando-a um pouco do seu primitivismo.
-21/4/753- Ab Urbe Condita, data tradicional da fundação de Roma por Rómulo, que se tornou seu primeiro rei. A data foi proposta por Terêncio Varrão no final da República. Rómulo não é considerado histórico pêlos autores contemporâneos. A tradição fá-lo reinar de 753 a 716, tendo desaparecido numa tempestade. Teria combatido com sucesso Veios e Fidénias.
É controverso aplicar o termo de cidade ao aglomerado de cabanas existente no cimo dos montes, povoado talvez até por semi-nómadas. Por outro lado, dados arqueológicos indicam um aumento da população a partir de 770aC.
Rómulo, descendente de Eneias e Vénus, é também considerado pela tradição como o fundador do primeiro exército romano. Este seria constituído por 3000 homens e 300 cavaleiros, cujo armamento, como sempre foi norma em Roma, era feito às suas próprias custas. Assim, cada uma das três tribos de Roma, Ramnes, Tícius e Lúceres, tinha de contribuir com 1000 homens e 100 cavaleiros, os quais eram escolhidos (legio) pelo chefe da tribo entre os melhores, e exercitados (exercitus). Todos os cidadãos são soldados, todos podem ser escolhidos. No comando das forças estão homens escolhidos pela sua habilidade ou valentia, os tribunus militium, para as tropas a pé, e os tribunus celerum, para as tropas a cavalo, as quais frequentemente desmontam para combater.
As armas usadas eram a lança, nem sempre metálica, coexistindo com a espada para os mais ricos. Armas primitivas como a clava eram também usadas, e, como arma de arremesso, a funda. Em termos defensivos usavam-se capacetes, sendo raros os de metal, escudo oval ou redondo com cerca de 90 cm de diâmetro e peitoral.
Este exército vai, naturalmente, aumentando com o crescimento da população, e sofrendo alguns melhoramentos.
-716- Segundo a tradição, após o desaparecimento de Rómulo há uma primeira tentativa de exercício de poder pelo senado, que dura um ano. O senado teria sido fundado por Rómulo para o aconselhar, e seria composto de 100 membros.
-715-672- Reinado de Numa Pompílio, 2º rei lendário de Roma, sabino de ascensão. A tradição apresenta-o como um personagem pacífico, e também assim terá sido o seu reinado, tendo-se dedicado à fundação dos costumes e ritos da cidade. Os sabinos terão tido um papel importante nos primórdios de Roma, sendo que a população desta cidade seria em parte constituída por elementos deste povo.
Ao longo de todo o século VII a.C. intensifica-se a presença e a influência etrusca na região de Roma, talvez devido à fácil travessia do Tibre nesse local, constituindo assim Roma posição importante para a ligação comercial e militar com o Lácio e outras terras mais a sul. Paralelamente, vai-se assistir ao incremento constante da população em Roma, que a pouco e pouco vai colonizando também as encostas e até os vales.
-672-640- Reinado de Túlio Hostílio, 3º rei lendário de Roma. Este rei era muito agressivo e terá destruído Alba Longa com a ajuda de outras cidades latinas, incorporando depois em Roma a população da cidade vencida. Venceu de novo Veios e Fidénias aliados e outros povos, passando o seu reinado quase inteiramente a batalhar.
-640-616- Reinado de Anco Márcio, 4º rei lendário de Roma, de origem sabina. Neto de Numa, o seu reinado foi pacífico como o dele. Não obstante, tomou várias cidades aos latinos e fundou Óstia. Achados arqueológicos, no entanto, datam essa fundação para o séc. IV a.C. Óstia e a fortificação do Janículo, na margem direita do Tibre, também efectuada por Anco Márcio, fizeram com que Roma dominasse o rio entre a cidade e o mar, articulando-se com o ele, usando-o como estrada para o interior e exterior
Estes três reis (2º, 3º e 4º) são considerados personagens históricas, embora as suas personalidades e governos talvez não concordem com a tradição. Considera-se também que as etapas da expansão romana aconteceram grosso modo como descritas na tradição.
-616-579- Reinado do etrusco Tarquínio Prisco em Roma. Este venceu os Latinos e os Sabinos, tomando-lhes Colácia. Engrandeceu Roma, transformando-a de um aglomerado de cabanas em verdadeira cidade, utilizando a avançada civilização Etrusca.
Construiu os primeiros edifícios públicos, como o Fórum, e instituiu um programa de construções de edifícios mais sólidos ao invés de cabanas. Segundo dados arqueológicos, tal terá acontecido c.610-575 a.C., e talvez se lhe possa chamar a verdadeira fundação de Roma como cidade. Paralelamente, foi no período de 640/30-580 que os principais centros etruscos meridionais se transformaram também em Urbes.
-579-534- Reinado de Sérvio Túlio. De origem Etrusca e inicialmente chamado Mastarna, foi um revolucionário na época. Coligado com Célio e Aulo Vibena, terá derrotado e morto Tarquínio, no decorrer de revoltas democráticas em que várias cidades, como Roma e Volsínios, se aliaram para derrotar.
Tomando assim o poder em Roma, foi fiel às suas ideias e deu uma constituição à cidade, instituindo o censo, as centúrias e outras reformas de cariz democrático, proporcionando o tributum ex censum, ou seja, o tributo e o serviço militar proporcional à riqueza indicada pelo censo.
Instituiu uma primeira liga, em termos iguais com os latinos e rodeou Roma de uma primeira cintura de muralhas. Venceu em vários combates forças de Tarquínios, Veios e Cere.
Sérvio Túlio reformou também profundamente o exército em todos os domínios, criando uma excelente base para a posterior máquina militar romana.
Em relação ao recrutamento, graças à revolucionária instituição do censo, foi possível que cada cidadão desse a contribuição mais adequada, tendo em vista as suas possibilidades reais, ao exército. Assim, o povo encontra-se dividido em várias classes, consoante o seu rendimento, e cada classe divide-se em centúrias, tanto mais numerosas quanto maior for a classe. O total das centúrias era dividido em dois, sendo metade de juniores, entre os 17 e 40 anos (17 e 46 segundo Políbio), que combatiam na primeira linha, e metade de seniores, com mais de 40 anos (entre 46 e 60 segundo Políbio) e que servem de guarnição à cidade, sendo por isso chamadas legiões urbanas, e não deixando também a vida económica parar, cultivando todos os campos, etc.
Uma legião passou a ser constituída por 42 centúrias e a estar organizada, ou por influência Etrusca, que por sua vez foram influenciados pêlos gregos ou por influência grega directa em falange dórica. Esta tinha seis filas de espessura, sendo as quatro primeiras constituídas por hoplitas com armadura completa. Quanto mais pesado fosse o armamento, mais à frente se deviam colocar os soldados. As quinta e sexta filas eram constituídas por legionários algo menos pesadamente armados, perfazendo assim um total de 3000 hoplitas por legião, das 1ª, 2ª, e 3ª classes. A estes se acrescentavam 1200 vélites, soldados muito ligeiramente armados encarregues de escaramuças e que, em batalha, abriam o combate, após o que se retiravam para a retaguarda, protegendo-a.
A estes 4200 legionários eram acrescentados 300 cavaleiros, de um corpo à parte de acesso limitado entre os mais ricos, que mantinham o hábito de desmontar frequentemente para lutar.
Na organização de Sérvio Túlio haviam também centúrias reservadas a músicos, ferreiros, engenheiros e outros auxiliares.
As armas sofreram evoluções, nomeadamente a lança, cada vez mais essencial, tendo Sérvio Túlio introduzido a lança com metal.
Usavam-se também lanças mais pequenas para arremesso e a espada tem uma maior difusão, utilizando as três primeiras filas uma espada curta que requeria combate corpo a corpo. Em relação às armas referidas para o exército de Rómulo, todas, à excepção da clava se continuam a usar. De notar apenas uma maior difusão de bons escudos e couraças naquelas classes (sobretudo 1ª) que as podiam pagar.
O exército não recebia soldo.
-534-509- Reinado de Tarquínio, o soberbo, subido ao trono assassinando Sérvio Túlio. Tarquínio seria neto de Tarquínio o antigo. Aboliu a constituição Sérvia e reinou como um déspota, assemelhando-se aos tiranos que nessa altura reinavam na Grécia. Elevou o poder de Roma ao domínio de todo o Lácio, tornando-a capital da liga latina. Engrandeceu e embelezou a cidade com as suas construções, entre as quais o templo de Júpiter no Capitólio e a finalização da cloaca máxima. Venceu os Hérnicos e os Volscos.
Bibliografia do Capítulo
-GUILLÉN, José; Vrbs Roma: Vida y costumbres de los Romanos, vol. III: Religion y ejercito; Editiones Sígueme, Salamanca, 1980.
-KELLER, Werner; Berço da Europa: História dos Etruscos; Europa-América, Mem-Martins, 1976.
-MACEDO, Jorge Borges; História Universal; vol. I; Círculo de leitores, 1989.
-MARTINS, Oliveira História da República Romana; vol. I; Guimarães Editores, Lisboa 1987.
-TITO LÍVIO; Ab Urbe Condita, Livro I; edição de Paulo Farmhouse Alberto, Editorial Inquérito, Lisboa, 1993.
-VIDAL-NAQUET, Pierre & BERTIN, Jacques; Atlas Histórico: Da Pré-história aos nossos dias; Círculo de leitores, 1990.
PRIMÓRDIOS DA REPÚBLICA ROMANA
-509 a.C.- Expulsão dos reis etruscos de Roma, segundo a tradição, por estupro de Sexto Tarquínio, o filho do rei, sobre uma romana, tendo tal servido de pretexto para se derrubar a tirania vigente.
Início da República. O governo passa a ser exercido por dois cônsules eleitos anualmente. Estes são juizes e generais, além de tratarem dos negócios correntes. Têm apenas em campanha o direito de vida ou morte. Governam alternadamente aos meses, e cabe-lhes convocar e presidir o Senado e os comícios, fazer o censo, convocar e comandar o exército.
Os cônsules são eleitos pelas centúrias, podendo ser apenas eleitos inicialmente os patrícios, ao passo que todas as classes do povo são eleitoras. Isto acontece para todas as magistraturas.
As centúrias são, pela constituição Sérvia, 193, das quais 98 correspondem à primeira classe, composta pêlos patrícios e por plebeus ricos. Estes têm assim a maioria dos votos, pelo que se diz ser aristocrática a constituição Sérvia. As centúrias não têm iniciativa, e apenas votam sim ou não, tendo cada centúria um voto.
Em caso de crise grave, a partir de 501, é eleito um ditador pêlos cônsules por um período de seis meses, o qual nomeia depois um mestre de cavalaria para o ajudar com funções de cônsul. O ditador tem poderes totais e tem de ser um antigo cônsul.
O Senado é o verdadeiro dono do poder. Ele é composto por cerca de 300 elementos, com mais de 46 anos e, por regra, hereditários, tendo reuniões à porta fechada, de um secretismo religioso. A ele cabe ratificar as decisões dos cônsules (que são ex-senadores e ao Senado voltarão, permitindo-lhe assim influenciar as suas decisões) acerca da paz, da guerra e de outras leis, cabendo--lhe também governar em caso de morte ou ausência da cidade de ambos os cônsules.
Os cônsules nomeiam questores para os auxiliar. A eles cabem funções judiciais e a administração do tesouro.
O importante papel religioso neste estado, está a cargo de um colégio de pontífices. Estes dependem apenas e só do Senado e são presididos por um Rex Sacrorum. Para estes cargos só podem ser eleitos patrícios.
Os primeiros cônsules teriam sido Lúcio Júnio Bruto e Lúcio Tarquínio Colatino. Á demissão de Tarquínio Colatino, devido ao seu nome, o povo elegeu Públio Valério Publicola(m 503). Após uma intriga palaciana para derrubar a República, os etruscos marcham sobre Roma, segundo a lenda com as milícias de Veios, que acederam para vingar passadas derrotas e Tarquínios, de onde a família do ex-rei era natural, sob Tarquínio, o rei expulso. Estas forças foram derrotadas numa batalha em que morrem o cônsul Bruto e Aruns, filho de Tarquínio.
O cônsul eleito para o lugar de Bruto é Espúrio Lucrécio Tricipitino, que morre após alguns dias, sendo eleito em seu lugar M. Horácio Pulvillus.
-508- Cônsules: Públio Valério Publicola (II) e T. Lucrécio Tricipitino. Nesta data foi assinado o 1º Tratado Romano-Cartaginês de amizade, segundo Políbio. Como interpretar a afirmação do autor quanto ao facto de terem sido Bruto e Horácio os cônsules em exercício, se ainda por cima estes não o foram segundo a tradição simultaneamente?
O exército do rei etrusco de Clúsio, Porsenna, intervém em Roma para repor a monarquia dos Tarquínios. Lança um assalto à cidade mas falha, à última hora detido por Horácio Cocles. Em seguida cerca Roma.
-507- Cônsules: Públio Valério Publicola(III) e M. Horácio Pulvillus(II). Neste ano Porsenna continua o cerco de Roma. Publícola vence um exército Etrusco. O cerco prolonga-se, sem resultado, e Porsenna faz a paz com os Romanos, esgotados, pela qual estes perdem a margem direita do Tibre (Lívio). Outra tradição diz que Porsenna acabou por capturar a cidade, mas não reinstalou a monarquia, pois o que ele realmente queria era uma passagem segura para sul. Porsenna prossegue a sua campanha para sul, até Arícia, mas o exército de seu filho Aruns é derrotado e morto pelos latinos, ajudados pelos Gregos de Cumas. Parte do exército derrotado acolhe-se em Roma.
-506- Cônsules: Sp. Lárcio Rufo e T. Hermínio Aquilino. Porsenna recompensa Roma pelos seus serviços com a posse da margem direita do Tibre.
-505- Cônsules: M. Valério Volusi e P. Postumio Tuberto. Uma guerra foi travada com sucesso contra os Sabinos. Os Sabinos fazem incursões no Lácio até meados do século V. Eles eram um povo sabélio que habitava na região montanhosa entre o Tibre e o Ânio (à volta do Salto), a nordeste de Roma. O seu território estendia-se até à futura colónia de Camerinum, muito a nordeste. Ver CORNELL mapa pp. 40 e Italotas.
-504- Cônsules: Públio Valério Publicola (IV) e T. Lucrécio Tricipitino (II). Os cônsules levaram a cabo uma incursão bem sucedida contra o território dos Sabinos, após uma batalha vitoriosa se Publicola perto de Fidénias.
Emigração do chefe sabino Átio Clauso (Cláudio) para Roma com 5000 clientes e dependentes. A sociedade romana nesta época é baseada na clientela e na gens. Um cliente é um indivíduo que oferece os seus serviços a alguém poderoso em troca de protecção, tornando-se essa ligação vitalícia e hereditária. Tal permite a existência de verdadeiros bando, liderados pela aristocracia, e que acabam por ser a base do seu poder, independentemente do controlo do estado, que tem assim dificuldade em obter um governo estável. Posteriormente, as clientelas perdem força devido à ascensão da plebe, que retira aos senhores os seus clientes, por motivos de igualdade de classe.
-503- Cônsules: Agripa Menénio Lanato (m493) e P. Postúmio Tuberto (II). Estes travaram uma guerra sangrenta e selvagem contra os Auruncos, devido à revolta para estes de Pométia e Cora.
-502- Cônsules: Opiter Verginio Tricosto e Sp. Cássio Vicelino. A guerra contra os Auruncos continuou, efectuando-se um cerco regular à cidade de Pométia. Lívio fala da utilização de "vineae" pela primeira vez, que constituíam abrigos móveis, abertos em ambas as pontas, feitos de vime e cobertos de couro, sob as quais os soldados podiam efectuar os trabalhos de cerco em segurança. A cidade rendeu-se após grande resistência e foi arrasada.
-501- Cônsules: Postumio Cominio Aurunco e T. Lárcio Flavo. Neste ano terá sido instituída a ditadura e nomeado o primeiro ditador, segundo Lívio, T. Lárcio, com Sp. Cássio como mestre de cavalaria. Isto ter-se-á devido a uma ofensa, que acabou por não ter consequências, dos Sabinos.
Fundação da colónia/fortaleza de Cora, separando équos de volscos. Os équos encontravam-se a leste de Roma, no curso superior do Ânio e a leste de Praeneste. Os volscos encontravam-se no litoral ao sul de Roma. Ambas as tribos são sabélias. (ver CORNELL mapa pp. 40).
Os volscos farão incursões no Lácio em todo o século e mesmo depois, com o ponto alto nas décadas de 490 e 480. Os équos fazem também incursões no Lácio.
-500- Cônsules: Ser. Sulpicio Camarino Cornuto e M. Túlio Longo. Segundo CORNELL, a população da cidade romana fixa-se entre 30 e 40 mil habitantes; Oliveira Martins fixa-a em 60 mil. Ocuparia, ainda segundo CORNELL c.820 Km² com uma densidade de 40-50 habitantes por Km². Os números apresentados por outros autores correspondem neste último aspecto.
O território romano estender-se-ia a norte até Antemnae, a curta distância; a leste até à cidade fortificada de Colácia, a cerca de 20 quilómetros; a sul e sudeste até Alba Longa e ao santuário de Júpiter Latiaris, a 20-25 quilómetros e fazendo um arco em redor do território de Túsculo; a oeste até Óstia e o mar, possuindo também territórios mais ou menos extensos na margem direita do Tibre.
-499- Cônsules: T. Aebutio Helva e C. Vetúsio Gemino Cicurino. Rebentou uma guerra há algum tempo esperada com os Latinos, tendo Fidénias sido cercada, assim como Crustumerum, que foi tomada. Praeneste declarou-se ao lado de Roma. A guerra culminou na vitória do ditador Aulo Postúmio Albino (Aebutio mestre de cavalaria) no lago Régilo sobre os Latinos, comandados por Octávio Mamílio de Túsculo.
Segundo a tradição a batalha dever-se-ia a intrigas do rei deposto, Tarquínio, que após a derrota se refugiou em Cumas e aí morreu (495). Outra hipótese é a de que os Latinos tentavam aproveitar
a situação periclitante em que a jovem república se encontrava, para daí acabarem com a sua preponderância no Lácio.
-498- Cônsules: Q. Cloélio Siculo e T. Lárcio Flavo (II)
-497- Cônsules: Aulo Semprónio Atratino e M Minúcio Augurino.
-496- Cônsules: Aulo Postúmio Albino (Regilense) e T. Vergínio Tricosto.
-495- Cônsules: Públio Servílio Prisco e Ápio Cláudio Sabino. Fundação da colónia/fortaleza de Sígnia, separando équos de Volscos. Durante todos estes anos não houve nem guerra formal nem paz entre Romanos e Latinos. Rebenta uma guerra com os Volscos, o que torna a situação em Roma grave, pois que a plebe se começava a agitar. A procura de aliados Latinos pelos Volscos leva no entanto a uma aproximação entre estes e os Romanos. Os romanos batem em batalhas separadas os Volscos, um pequeno exército Sabino e um de Auruncos. Tomam e saqueiam mais uma vez Pométia.
-494- Cônsules: Aulo Vergínio Tricosto e T. Vetúrio Gemino. Mânlio Valério é eleito ditador, devido a desordens internas surgidas em virtude da pesada lei de dívidas que tornava miseráveis os camponeses.
Guerras com os Volscos e Sabinos e razias dos Équos são enfrentadas com sucesso, após uma suspensão das hostilidades internas. Velitras foi conquistada e colonizada contra os volscos.
Secessão da plebe para o Aventino: criação da magistratura dos tribunos da plebe, com o fim de proteger os camponeses. Desprovidos de culto religioso, os tribunos eram sacrossantos e invioláveis. Eram assim eleitos dois tribunos por concílios da plebe. Os tribunos escolhiam os edis, magistratura da plebe para opor aos questores, que tinham como funções cuidar dos edifícios, ruas, esgotos, polícia, limpeza e festas.
-493- Cônsules: Espúrio Cássio Vicelino(II) e Postúmio Comínio Aurunco. Tratado de aliança defensivo/ofensiva entre Romanos e Latinos: criação de uma nova Liga Latina. Ao princípio o direito de declarar guerra era mútuo e o comando do exército alternado. Os romanos foram pouco a pouco usurpando esses direitos. Lívio às vezes fala das acções dos contingentes Latinos ou Hérnicos, mas não fala quase nunca acerca do seu recrutamento. Guerra com os Volscos, que acaba com a conquista de Coriolo.
-492- Cônsules: T. Gegânio Macerino e P. Minúcio Augurino. Fundação da colónia/fortaleza de Norba, separando équos de Volscos.
-491- Cônsules: M. Minúcio Augurino (II) e A. Semprónio Atratino (II).
-490- Cônsules: Q. Sulpício Camerino Cornuto e Sp. Lárcio Flavo (II).
-489- Cônsules: C. Júlio Jullo e P. Pinaro Mamertino Rufo.
-488- Cônsules: Sp. Nárcio Rutilo e Sexto Furio Medullino. Episódio de Cneio Márcio Coriolano, que terá conduzido um exército volsco, reconquistando para estes Satricum, Longula, Polusca e Coriolo, e prosseguindo até Roma, para aí se arrepender e se suicidar. A incursão volsca terá assim sido reprimida.
-487- Cônsules: T. Sicínio Sabino e C. Aquílio Tusco. Uma campanha lançada contra os Hérnicos teve bastante sucesso, outra lançada contra os Volscos acabou indecisa.
-486- Cônsules: Espúrio Cássio Vicelino(III) e Próculo Verínio Tricosto.
Tratado de aliança tripartida em termos iguais entre Roma, latinos e hérnicos. Os hérnicos eram uma tribo sabélia que habitava a sueste de Roma, entre Praeneste e Terracina, com capital em Anagnia, cujo território separava volscos de Équos. Dois terços do território hérnico foi-lhes retirado, para ser distribuído à plebe, o que serviu de pretexto para a morte de Espúrio Cássio, por "aspirar à realeza".
-485- Cônsules: Ser. Cornélio Maluginense e Quinto Fábio Vibulano(m480). Até 479, sempre um Fábio é eleito cônsul. Neste ano há hostilidades com algum sucesso com os Volscos e os Équos.
-484- Cônsules: L. Emílio Mamerco e Ceso Fábio Vibulano. Novamente se registam hostilidades com aqueles povos, também com algum sucesso.
-483- Cônsules: M. Fábio Vibulano e L. Valério Volusi Potito.
-482- Cônsules: Quinto Fábio Vibulano(II) e C. Júlio Jullo. Rebenta uma guerra com os Etruscos de Veios, que saqueiam o território romano. Também os Équos estão em armas.
-481- Cônsules: Ceso Fábio Vibulano(II) e Sp. Fúrio Fuso. Continua a guerra contra Équos e Veios, mas o exército romano bate-se de muito má vontade, e, como tal, sem muito êxito.
-480- Cônsules: M. Fábio Vibulano (II) e Cneio Mânlio Cincinato(m). Os romanos venceram uma grande batalha contra os de Veios, que estavam reforçados por contingentes mercenários de toda a Etrúria na esperança de saque.
-479- Cônsules: Ceso Fábio Vibulano(III) e T. Verginius Tricosto Rutilo. Derrota romana frente a Veios, prolongando o estado de guerra. Esta assumiu o aspecto de guerrilhas, assim como a contra os Équos. Para que o estado não estivesse sempre preocupado com Veios, os Fábios, seguidos pela sua clientela, decidiram montar eles próprios, às suas custas, uma defesa permanente no rio Cremera, de onde podiam conter as guerrilhas.
-478- Cônsules: L. Emílio Mamerco(II) e C. Servílio Structo Ahala. Por morte de um deles foi eleito Opiter Vergínio Esquilino. Uma batalha foi travada contra Veios, acorrendo o exército consular aos Fábios, que não podiam enfrentar sozinhos um exército regular. A batalha foi vitoriosa para os Romanos, mas a guerra não terminou.
-477- Cônsules: C. Horácio Pulvillo e T. Menénio Agripa Lanato(m475). Massacre dos Fábios na batalha do rio Cremera, em que foram emboscados pelos de Veios. Um só Fábio volta a Roma. Os Etruscos prosseguem na sua vantagem e derrotam um exército consular, capturando o Janículo. Uma outra batalha algo indecisa fá-los voltar para casa. Neste ano houve também preocupações com os Volscos.
-476- Cônsules: A. Verginius Tricosto Rutilo e Sp. Servílio Structo. Algumas batalhas de sorte diversa contra os Etruscos, mas que terminaram com uma esmagadora vitória, entregam de novo o Janículo aos Romanos e levam a guerra a um fim.
-475- Cônsules: Públio Valério Publicola e C. Nautio Rutilo. Recomeça a guerra com Veios, agora aliada aos Sabinos. Após chamar os auxiliares Latinos e Hérnicos, o cônsul Publicola ataca ambos os inimigos perto das muralhas de Veios, derrotando-os. Uma invasão dos Volscos foi derrotada apenas por Latinos e Hérnicos.
-474- Cônsules: L. Fúrio Medullino e A. Mânlio Vulso. Uma trégua de quarenta anos foi assinada com Veios, pondo fim à guerra. Os romanos o controle de Fidénias.
-473- Cônsules: L. Emílio Mamerco (III) e Vopiscus Júlio Jullos.
-472- Cônsules: L. Pinaro Mamertino Rufo e P. Fúrio Medullino Fuso.
-471- Cônsules: Ápio Cláudio Crassino Sabino(m470) e T. Quíncio Capitolino Barbato. Os tribunos da plebe passam a ser cinco. Houve uma guerra contra os Volscos e contra os Équos, sendo a Volsca uma derrota vergonhosa, e a dos Équos uma gloriosa vitória.
-470- Cônsules: L. Valério Volusi Potito(II) e Tibério Emílio Mamerco. Guerras contra Équos e Sabinos foram travadas, reduzindo-se a saques e recontros indecisos.
-469- Cônsules: T. Numício Prisco e A. Verginio Celimontano. Guerra indecisa contra os Équos, e bem sucedida contra os Volscos. Os Sabinos saqueiam o território romano, mas são depois repelidos.
-468- Cônsules: T. Quíncio Capitolino Barbato (II) e Q. Servílio Structo Prisco. Novos saques Sabinos são repelidos, e depois são eles próprios saqueados. A guerra com os Volscos leva a batalhas renhidas, que terminam com a conquista de Anzio pelo cônsul Quíncio.
-467- Cônsules: Tito Emílio Mamerco(II) e Quíncio Fábio Vibulano. Fundação da colónia de Anzio, no território dos volscos. Guerra com os Équos, reduzindo-se a incursões mútuas.
-466- Cônsules: Q. Servílio Prisco(II) e Sp. Postúmio Albino Regilense. A guerra com os Équos continuou, sem acções de maior importância, e sem uma conclusão.
-465- Cônsules: Quíncio Fábio Vibulano(II) e T. Quíncio Capitolino Barbato (II). Grande batalha de ambos os cônsules contra os Équos, no monte Algido, que os Romanos venceram. Os Équos, no entanto, não foram decisivamente derrotados, pelo que voltaram ao que faziam melhor, incursões irregulares de rapina no território latino, sendo no entanto emboscados por Fábio. O censo da população Romana dá 104 714, excluindo viúvas e órfãos.
-464- Cônsules: Aulo Postúmio Albino e Sp. Fúrio Medullino Fuso. Os Équos fizeram incursões no território dos Hérnicos. Fúrio vai ao seu encontro e é batido, encerrando-se no seu acampamento. O senado nomeia então um procônsul, T. Quíncio Capitolino, que liberta o cônsul cercado, enquanto o cônsul Postúmio repele os raides na fronteira.
-463- Cônsules: P. Servílio Prisco(m) e L. Aebutio Helva(m). Os Équos e Volscos fazem incursões no território Hérnico, e unem os esforços para atacar o de Roma, pestilento.
-462- Cônsules: L. Lucrécio Tricipitino e T. Vetúrio Gemino Cicurino. Vetúrio atacou e venceu os Volscos, enquanto Lucrécio defendia o território Hérnico de incursões inimigas, derrotando um exército. Uma outra batalha com os exército consulares reunidos resultou numa vitória contra Équos e Volscos.
-461- Cônsules: P. Volúmnio Amintino e S. Sulpício Camerino Cornuto.
-460- Cônsules: P. Valério Publicola(m) e C. Cláudio Sabino. Ápio Herdónio ocupa o capitólio com 4000 (Lívio fala em 2500) clientes. Vencido no dia seguinte pelo exército consular ajudado por Latinos de Túsculo. O cônsul Publicola morre no assalto.
Lúcio Quíncio Cincinato (n519) é eleito cônsul em seu lugar.
-459- Cônsules: Q. Fábio Vibulano (III) e L. Cornélio Maluginense Uritino. A guerra com Équos e Volscos recomeçou depois de alguns anos de ameaças. Fábio marcha contra os Volscos tão cedo quanto chegaram os contingentes Latinos e Hérnicos, e perto de Anzio, que se temia que se revoltasse, atacou e tomou o acampamento inimigo, que não ousava uma batalha regular. O Équos apoderam-se da cidadela de Túsculo, que foi recuperada por Fábio após alguns meses de cerco e escaramuças com o exército Équo. Ambos os cônsules marcharam sobre e pilharam depois os territórios inimigos. Os Équos assinaram um tratado de paz. O censo revelou serem os Romanos 117 319.
-458- Cônsules: C. Nautio Rutilo(II) e L. Minúcio Esquilino Augurino. Os Équos violam o tratado de paz e fazem incursões em território Latino. Os Sabinos fazem também incursões, mas são derrotados e o seu território saqueado por Nautio. Minúcio é enviado contra os Équos, mas deixa-se cercar. Lúcio Quíncio Cincinato é eleito ditador para o salvar, nomeia L. Tarquítio mestre de cavalaria, e cerca ele próprio os Équos, saindo vencedor. A cidade Équa de Corbio passa para as mãos dos Romanos. Declina a ditadura ao fim de 16 dias.
-457- Cônsules: C. Horácio Pulvillo e Q. Minúcio Esquilino. Os Équos capturam Corbio e Ortona à guarnição romana. Os Sabinos invadiram o território Romano, mas fugiram apressadamente à notícia da chegada de um exército destes. O cônsul Horácio derrotou os Équos no monte Algido e recapturou as cidades perdidas, arrasando Corbio, onde a sua população Équa tinha contribuído para a queda da cidade. Os tribunos da plebe passam a ser dez.
-456- Cônsules: M. Valério Volusi e Sp. Verginio Tricosto.
-455- Cônsules: T. Romílio Roco Vaticano e C. Vetúrio Cicurino. Os Équos saqueiam o território Latino, após o que retiram para Algido, onde os cônsules romanos os defrontam e derrotam de forma decisiva.
-454- Cônsules: Sp. Tarpeio Montano e A. Atérnio Varo. Envio de uma delegação romana à Grécia para trazer as leis de Sólon e outros códigos gregos para Roma, com o fim de se preparar uma nova constituição.
-453- Cônsules: Sexto Quintílio e P. Coriácio Fisto. Por morte de Quintílio por peste, foi eleito Sp. Fúrio.
-452- Cônsules: Menénio Agripa e P. Sestio Vibi Capitolino. Regresso da delegação enviada à Grécia.
-451- Eleição de dez decênviros com o fim de reformar as leis romanas, dos quais não há apelo. Eles herdam os poderes dos tribunos e dos cônsules, os quais são suspensos temporariamente. Eles são Ápio Cláudio Crasso(m449), T. Genúcio Augurino, Vetúrio Crasso Cicurino, P. Sestio Vibi Capitolino, C. Júlio Jullo, A. Mânlio Vulso, Ser. Sulplício Camerino, P. Curiato Fisto, T. Romílio Roco Vaticano e Sp. Postúmio Albino Regilense. Começam a elaborar a lei das doze tábuas, a fonte de toda a jurisprudência pública e privada romana.
-450- Os decênviros eleitos são: Ápio Cláudio Crasso, M. Cornélio Maluginense, M. Sérgio Esquilino, L. Minúcio Esquilino, Q. Fábio Vibulano, Q. Poetílio Libo, T. António Merenda, Ceso Duílio Longo, Sp. Ópio(m449) e M. Rabuleio.
-449- Os decênviros abusam do poder, recusando-se a sair do poder, sendo por isso uns mortos e outros expulsos da cidade. Os Sabinos e Équos fazem investidas contra território Romano e Latino. Fábio é derrotado pelos Sabinos em Eretum e M. Cornélio pelos Équos em Algido. Novamente se elegem cônsules (L. Valério Potito e M. Horácio Barbato) e tribunos Os tribunos dispõem agora do veto tribunício, podendo desse modo impedir a convocação dos comícios ou do Senado. Os comícios passam a ter um poder legislativo grande. Devido à revolução em Roma, os seus inimigos externos sentem-se encorajados à guerra. Valério enfrenta Volscos e Équos e derrota-os. Horácio enfrenta os Sabinos e inflige-lhes uma derrota esmagadora.
-448- Cônsules: Sp. Hermínio Coritinesano e T. Vergínio Tricosto.
-447- Cônsules: M. Gegânio Macerino e C. Júlio Jullo.
-446- Cônsules: T. Quíncio Capitolino Barbato (IV) e Agripa Furio Fuso. Os Volscos e Équos fazem grandes depredações no território Latino, primeiro, e depois no Romano. Os cônsules a custo reuniram o exército e marcharam contra o inimigo reunido em Corbio. A batalha foi uma esmagadora vitória romana.
-445- Cônsules: M. Genúcio Augurino e C. Cúrcio Philo. Raides e saques são feitos por Veios, Équos e Volscos. Ardea revolta-se, mas a milícia fica detida na cidade por querelas internas.
-444- Eleição dos primeiro tribunos consulares: Estes podem ser eleitos a partir do povo e têm poder igual ao dos cônsules. No máximo são seis, dependendo a sua eleição de um certo número de votos. Os eleitos são: A. Semprónio Atratino, Lúcio Atílio Lusco e T. Cloélio Siculo. Mas, por uma irregularidade na eleição, são depois eleitos cônsules: L. Papirio Mugilano e L. Semprónio Atratino. Assinatura de um tratado com Ardea, renovando a amizade com os Romanos.
-443- Cônsules: M. Gegânio Macerino(II) e T. Quíncio Capitolino Barbato (IV). Criação da magistratura da censura. Esta, reservada aos patrícios, retirava atribuições aos cônsules. Em número de dois, cabe-lhes fazer o rol dos cidadãos e nomear ou desnomear os senadores. Com o tempo passam a exercer também a fiscalização dos costumes e a administração das obras públicas e bens nacionais. São eleitos aproximadamente de cinco em cinco anos, sendo o seu mandato a partir de 434 de 18 meses. Intervenção romana em Ardea, onde estalou uma guerra civil. Um exército Volsco, que tinha vindo em auxílio de um dos partidos, é vencido por Gegânio, e a cidade tomada pelos romanos.
-442- Cônsules: M. Fábio Vibulano e Post. Aebutio Helva Cornicen. Estabelecimento de uma colónia em Ardea, essencialmente povoada por Rútulos.
-441- Cônsules: C. Fúrio Pacilo e M. Papírio Crasso.
-440- Cônsules: Proculo Gegânio Macerino e L. Menénio Agripa Lanato.
-439- Cônsules: T. Quíncio Capitolino Barbato (VI) e Agripa Menénio Lanato. Neste ano dá-se a alegada tentativa de aspiração ao poder, à realeza, de Espúrio Maélio, um rico cavaleiro. L. Quíncio Cincinato é assim novamente eleito ditador, apontando Caio Servílio Ahala como mestre de cavalaria.
-438- Tribunos consulares: L. Quíncio Cincinato, Mam. Emílio Mamerco e L. Júlio Jullo. Neste ano dá-se uma revolta em Fidénias, anteriormente sob domínio Romano, e que apela para Veios.
-437- Cônsules: M. Gegânio Macerino (III) e L. Sérgio Fidenas. Uma batalha travada por este último contra os Etruscos na margem esquerda do Ânio resulta numa vitória custosa. Um ditador, na pessoa de Mam. Emílio Mamerco foi nomeado, escolhendo para mestre de cavalaria L. Quíncio Cincinato. Este repele os Etruscos para a outra margem do Ânio, e trava depois uma batalha decisiva junto de Fidénias. Os Etruscos e Fidenates receberam também reforços de Falérios. Na batalha Aulo Cornélio Cosso mata o rei de Veios, Tolumnio. A vitória Romana foi esmagadora. A inscrição de Cosso na Spolia Optima que tomou indica que ele era cônsul - caso contrário, os despojos não seriam considerados como tal - e aqui há uma contradição na tradição romana.
-436- Cônsules: L. Papírio Crasso e M. Cornélio Maluginense. A guerra prossegue, com devastações nos territórios de Veios e Fidénias, não ousando o inimigo dar batalha.
-435- Cônsules: C. Júlio Julo(II) e L. Vergínio Tricosto. Neste ano dá-se uma invasão do território romano por Veientes e Fidenates. Um ditador foi nomeado, na pessoa de Q. Servílio, com Postúmio Ebútio Helva como mestre de cavalaria. A batalha, travada contra o inimigo no sopé de uma colina, é mais uma vitória romana. Os Etruscos retiram-se para Fidénias, que cai após um cerco em que entram circunvalações e uma mina.
Os questores passam a ser eleitos pêlos comícios. São em número de seis, quatro urbanos e dois militares. Têm a seu cargo a administração do tesouro e perdem as atribuições judiciais.
-434- Cônsules: M. Mânlio Capitolino e Q. Sulpício Camerino. Um ditador é nomeado porque se esperava um ataque de toda a Etrúria, mas que não se realizou, sendo a ajuda pedida por Veios recusada. O ditator foi novamente Mam. Emílio Mamerco, e o mestre de cavalaria A. Postúmio Tuberto. A censura é limitada a um período de 18 meses.
-433- Tribunos consulares: M. Fábio Vibulano, M. Fólio Flacinator e L. Sérgio Fidenas.
-432- Tribunos consulares: L. Pinaro Mamerco, L. Fúrio Medulino e Sp. Postúmio Albino Regilense.
-431- Cônsules: T. Quíncio Poeno Cincinato e C. Júlio Mento. Neste ano dá-se uma invasão dos territórios Hérnicos e Latinos pelos Équos e Volscos. Uma derrota é sofrida pelos romanos no Monte Algido. Um ditador é apontado na pessoa de A. Postúmio Tuberto, sendo L. Júlio o mestre de cavalaria. Os Volscos e Équos estavam recuperados de passados desaires, e a sua soldadesca estava mais treinada. O ditador enfrenta os seus adversários em território Latino, numa batalha nocturna, que se estendeu depois durante o dia. Esta batalha foi selvagem, tendo sido uma vitória romana completa.
-430- Cônsules: L. Papírio Crasso e L. Júlio Julo. É assinado um tratado com os Équos por oito anos.
-429- Cônsules: Hosto Lucrécio Tricipitino e L. Sérgio Fidenas (II).
-428- Cônsules: Aulo Cornélio Cosso e T. Quício Poeno Cincinato(II). Raides por parte de Veios são efectuados, e o número de colonos romanos em Fidénias é reforçado.
-427- Cônsules: C. Servílio Ahala e L. Papírio Mugilano. Rebenta a guerra com Veios.
-426- Tribunos consulares: T. Quíncio Poeno Cincinato, C. Fúrio Pacilo Fuso, M. Postúmio Albino e Aulo Cornélio Cosso. Uma derrota foi sofrida às mãos dos Etruscos. Mamerco Emílio foi nomeado ditador, com Aulo Cornélio Cosso como mestre de cavalaria. Fidénias revoltou-se novamente, massacrando os colonos romanos. Mercenários de toda a Etrúria acorreram a Veios, e uma batalha foi travada perto de Fidénias, que resultou numa vitoria romana. Fidénias foi em seguida capturada e saqueada.
-425- Tribunos consulares: A. Semprónio Atratino, L. Quíncio Cincinato, L. Fúrio Medulino e L. Horácio Barbato. Uma paz com Veios foi assinada por dezoito anos.
-424- Tribunos consulares: Ápio Cláudio Crasso, Sp. Nautio Rútilo, L. Sérgio Fidenas e Sexto Júlio Julo. Raides Volscos no território Hernico.
-423- Cônsules: C. Semprónio Atratino e Q. Fábio Vibulano. Semprónio empreende uma campanha contra os Volscos, que tem um resultado indeciso.
-422- Tribunos consulares: L. Mânlio Capitolino, Q. António Merenda e L. Papírio Mugilano.
-421- Cônsules: Numério Fábio Vibulano e T. Quíncio Capitolino. Fábio empreende uma campanha contra os Équos, que teve sucesso quase sem derramamento de sangue.
-420- Tribunos consulares: L. Quíncio Cincinato (III), L. Fúrio Medulino(II), M. Mânlio Vulso e A. Semprónio Atratino.
-419- Tribunos consulares: Agripa Menénio Lanato, P. Lucrécio Tricipitino, Sp. Náutio Rútulo.
-418- Tribunos consulares: L. Sérgio Fidenas, M. Papírio Mugilano e C. Servílio Axila. Os Équos, aliados aos Latinos de Labici entram em guerra com Roma. Os romanos sofrem uma derrota às mãos destes aliados no monte Algido, após o que nomeiam Q. Servílio Prisco ditador, com seu filho C. Servílio Axila como mestre de cavalaria. O ditador vence o inimigo em batalha, após o que este se refugia em Labici, a qual foi capturada e saqueada. Fundação de uma colónia em Labici.
-417- Tribunos consulares: P. Lucrécio Tricipitino(II), Agripa Menénio Lanato (II), L Servílio Structo(II) e Sp. Vetúrio Crasso.
-416- Tribunos consulares: A. Semprónio Atratino(III), M. Papírio Mugilano(II), Sp. Náutio Rútilo(II) e Q. Fábio Vibulano.
-415- Tribunos consulares: P. Cornélio Cosso, C. Valério Potito, Q. Quíncio Cincinato e Numério Fábio Vibulano. Saques são levados a cabo pelos habitantes de Bolae, Équos, que são abandonados à sua sorte pelo resto do seu povo, sendo capturados pelos Romanos.
-414- Tribunos consulares: Cneio Cornélio Cosso, L. Valério Potito, Q. Fábio Vibulano(II) e M. Postúmio Albino Regilense(m414). Os Équos capturam Bolae, mas os Romanos sob comando de Postúmio Albino recapturam-na sem grandes dificuldades, sendo o general morto pelos soldados após a vitória.
-413- Cônsules: A. Cornélio Cosso e L. Fúrio Medulino. O cônsul Fúrio empreende uma campanha contra os Volscos que saqueavam território Hérnico. Não encontrando o inimigo, captura a cidade Volsca de Ferentina, a qual entrega aos Hérnicos.
-412- Cônsules: Q. Fábio Ambusto Vibulano e C. Fúrio Pacilo.
-411- Cônsules: L. Papírio Mugilano e C. Náutio Rútilo.
-410- Cônsules: Mânlio Emílio Mamercino e C. Valério Potito Voluso. Os Équos pegaram em armas e foram não oficialmente ajudados por Volscos. Saqueiam territórios Hérnico e Latinos, capturando Carventum. Os Romanos recapturam Carventum.
-409- Cônsules: Cn. Cornélio Cosso e L. Fúrio Medulino(II). Os Volscos e Équos entram em guerra, recuperando Carventum. Os Romanos cercam Carventum, sem a conseguirem tomar, mas capturam Verrugo e muito saque.
-408- Tribunos consulares: C. Júlio Julo, P. Cornélio Cosso e C. Servílio Ahala. A guerra com Volscos e Équos continua. P. Cornélio foi nomeado ditador, com Servílio Ahala como mestre de cavalaria. O ditador vence facilmente os Volscos em Anzio, e saqueia bastante o território destes.
-407- Tribunos consulares: L. Furio Medulino (III), C. Valério Volusi Potito(II), Numério Fábio Vibulano(II) e C. Servílio Ahala. Os Volscos capturam Verrugo, mas são logo em seguida derrotados pelos Romanos, que recapturam a cidade.
-406- Tribunos consulares: P. Cornélio Rutilo Cosso, Cneio Cornélio Cosso, N. Fábio Ambusto e L. Valério Potito. Em vista da ameaça de guerra com Veios ser cada vez maior, os Romanos decidem terminar a guerra Volsca. Assim, três dos tribunos consulares invadem território Volsco, dividindo-se em três grupos, saqueando os territórios de Ecetra, Anzio e capturando Terracina com grande saque. Anzio parece ter apoiado os Volscos e não os Romanos.
-405- Tribunos consulares: T. Quíncio Capitolino Barbato(II), Q. Quíncio Cincinato(II), C. Júlio Julo(II), Aulo Mânlio Vulso Capitolino, L. Fúrio Medullino e M. Emílio Mamercino. Estes começam a guerra e o cerco de Veios. É atribuído aos soldados pela primeira vez um soldo, para os compensar pela ausência prolongada do trabalho. A Etrúria, enfraquecida por discórdias, recusa-se a enviar ajuda a Veios.
-404- Tribunos consulares: C. Valério Potito(III), Sp. Náutio Rutilo(II), M. Sérgio Fidenas, P. Cornélio Maluginense, Cn Cornélio Cosso e Ceso Fábio Ambusto. Enquanto dura o cerco de Veios, alguns tribunos atacam os Volscos, que tinham entrado em guerra, derrotando-os numa batalha campal e capturando Artena.
-403- Tribunos consulares: M. Emílio Mamerco(II), L. Valério Potito(III), Ápio Cláudio Crasso, M. Quintílio Varo, L. Júlio Julo, M. Fúrio Fuso, M. Postúmio, M. Fúrio Camilo(m365) e M. Postúmio Albino. Os romanos melhoram as instalações de cerco, instalando quartéis de Inverno e cavando uma face exterior na circunvalação. Escaramuças dos sitiados atrasam as obras de cerco.
-402- Tribunos consulares: C. Servílio Ahala(III), Q. Servílio Fidenas, L. Vergínio Tricosto, Q. Sulpício Camerino, Aulo Mânlio Vulso(II) e Mânio Sérgio Fidenas. Os Volscos recapturam Anxur. Falérias e Capena, as cidades mais perto e que mais podiam temer o poder Romano, acodem em socorro de Veios com um exército reunido, e, juntamente com uma sortida dos de Veios, derrotam a força romana que guarnecia os entrincheiramentos, Sob Sérgio Fidenas e libertam parcialmente o cerco.
-401- Tribunos consulares: L. Valério Potito(IV), M. Fúrio Camilo(II), M. Emílio Mamerco(III), Cn. Cornélio Cosso(II), Ceso Fábio Ambusto e L. Júlio Julo. O acampamento perdido no ano anterior foi recapturado e o cerco de Veios renovado. Camilo atacou o território de Falérias, Cosso o de Capena. Ambos saquearam impunemente o território dos seus opositores, que permaneceram dentro das suas cidades. Valério Potito atacou Anxur, mas devido ao insucesso dos seus assaltos iniciais, foi obrigado a recorrer a um cerco mais em regra, com a ajuda de fosso e outros trabalhos.
-400- Tribunos consulares: P. Licínio Calvo (o primeiro tribuno plebeu), P. Mânlio Vulso, L. Titínio Pansa, P. Mélio Capitolino, Sp. Fúrio Medulino e L. Publílio Volsco. Anxur foi recapturada num golpe de mão.
-399- Tribunos consulares: Cn. Genúcio Augurino(m396), L. Atílio Prisco, M. Pompónio Rufo, C. Duílio Longo, M. Vetúrio Crasso (o único patrício) e V. Publílio Philo. Em frente de Veios dá-se um novo assalto dos aliados de Veios aos entrincheiramentos romanos, mas desta vez são repelidos por reforços romanos atempadamente enviados do principal acampamento romano na área. Os territórios de Capena foram mais uma vez saqueados.
-398- Tribunos consulares: L. Valério Potito(V), M. Valério Máximo, M. Fúrio Camilo(III), L. Fúrio Medulino(III), Q. Servílio Fidenas(II) e Q. Sulplício Camerino(II). Em termos militares, o ano foi dedicado a raides em território inimigo, reunindo-se uma grande quantidade de saque.
-397- Tribunos consulares: L. Júlio Julo, L. Fúrio Medulino(IV), L. Sérgio Fidenas, A. Postúmio Albino Regilense, P. Cornélio Maluginense e A. Mânlio Vulso. Os Volscos empreendem acções contra Anxur, os Équos efectuam raides a Labici. Um novo inimigo surge este ano em Tarquínios, que saqueia o território romano. Os romanos saqueiam o território de Tarquínios. Os Etruscos em geral recusam-se de novo a ajudar Veios, devido às invasões Gaulesas, embora tenham autorizado que voluntários mercenários podiam ir ajudar Veios.
-396- Tribunos consulares: L. Titínio Pansa(II), P. Licínio Calvo, P. Mélio Capitolino(II), P. Mânlio Vulso(II), C. Genúcio Augurino(II) e L. Atílio Prisco(II). Titínio e Genúcio sofrem uma derrota às mãos dos Capenates e dos de Falérias. Marco Fúrio Camilo é assim nomeado ditador, apontando P. Cornélio Cipião como mestre de cavalaria. Camilo derrota o exército vencedor perto de Nepete, e, reforçando o cerco a Veios, prossegue-o com mais energia. Uma mina foi escavada, levando ao interior de cidade, e, ao mesmo tempo que se processava um ataque às muralhas, uma força escolhida comandada pelo ditador desemboca pela mina no templo de Juno e contribuí decisivamente para a queda da cidade, saqueada com grande carnagem. Á notícia da queda de Veios, enviados dos Volscos e Équos solicitam a paz com Roma, que lhes é concedida.
-395- Tribunos consulares: P. Cornélio Cosso, P. Cornélio Cipião, M. Valério Máximo(II), Ceso Fábio Ambusto(III), L. Fúrio Medulino(V) e Q. Servílio Fidenas(III). Saques nos territórios de Capena e Falérias. Capena pede a paz, que lhe é concedida.
Estabelecimento de uma colónia em Vitélia, imediatamente a sudeste de Praeneste, contra os Éqous.
-394- Tribunos consulares: M. Fúrio Camilo(IV), L. Fúrio Medulino(VI), C. Emílio Mamercino, L. Valério Publicola, Sp. Postúmio Albino e P. Cornélio Cosso(II). Camilo ataca o território de Falérias. Á força de tanto os saquear, obriga os Faliscos a defrontarem-no fora da cidade, derrotando-os. Um cerco em regra é assim estabelecido, e só ao fim de alguma resistência Falérias é tomada. Guerra com os Équos, que são derrotados numa primeira batalha, emboscando depois um exército romano e vencendo-o. Uma terceira batalha deu a vitória aos romanos.
-393- Cônsules: L. Lucrécio Flavo e S. Sulpício Camerino. Os Équos atacam e capturam Vitélia de surpresa, mas são depois derrotados por Lucrécio em batalha e abandonam a cidade. Estabelecimento de uma colónia em Circei, no território dos Volscos.
-392- Cônsules: L. Valério Potito(II) e M. Mânlio Capitolino(m384). Guerra com os Équos, que foi vencida com facilidade. Guerra com Volsínios e os Salpinates, que tinham em conjunção realizado saques em território romano.
-391- Tribunos Consulares: L. Lucrécio Tricipitino, S. Sulplício Camerino, L. Emílio Mamercino, L. Fúrio Medulino(VII), Agripa Fúrio Fuso e C. Emílio Mamercino(II). Lucrécio e Emílio batem os Volsinianos num confronto regular, ao que os Salpinates se encerram nas suas muralhas. Os romanos efectuam então os habituais saques e assinam com Volsínios um tratado por vinte anos.
Bibliografia do capítulo
-CORNELL, Tim & MATTHEWS, John; Roma: Herança de um império
-GUILLEN; Vrbs Roma: Vida y costumbres de los Romanos
-MACDONALD, A.H.; Roma Republicana
-MARTINS, Oliveira; História da República Romana
-MEDINA, João; História de Portugal; vol. II; Ediclube, Amadora, 1993
-O'CONNELL, Robert; História da guerra: armas e homens; Teorema, Lisboa, 1995
-PLUTARCO; Poplicola ; Tradução para inglês de John Dryden, Internet Classical Archive.
-TITO LÍVIO; Ab Urbe Condita, Livros 2, 3, 4 e 5 até 5.32. Tradução para inglês do Perseus Project.
-WITTERING, N.; Rulers of the roman world 753 BC - AD 1479